A movimentação de líderes governistas e aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para deixar a CPI do INSS é mais do que um gesto isolado de insatisfação: revela a dificuldade do Planalto em manter coesa sua base de apoio no Congresso diante de crises de alto risco político.
De acordo com a Folha de S. Paulo, pelo menos quatro senadores e um deputado de partidos estratégicos — PSD, MDB e até mesmo o PT — manifestaram intenção de se afastar do colegiado. O grupo avalia que o cenário é “totalmente imprevisível” e teme que a quebra de sigilos vá além do escândalo dos descontos fraudulentos, alcançando questões mais amplas e potencialmente prejudiciais ao governo.
O estopim para a rebelião foi a derrota na composição da CPI, quando a oposição conseguiu assumir o comando da comissão. A escolha do relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), foi classificada como “a pior possível” por ministros e congressistas próximos a Lula.
O recuo expõe duas fragilidades simultâneas: de um lado, a falta de articulação do Planalto para controlar a pauta da comissão; de outro, a dificuldade em convencer aliados a assumirem o desgaste político de defender o governo em um ambiente que pode gerar novos constrangimentos.
Analistas avaliam que a saída de parlamentares governistas da CPI pode enfraquecer ainda mais a influência do Executivo no colegiado, abrindo espaço para que a oposição dite o ritmo das investigações e amplifique o impacto político do caso.